quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O ComicVille apresenta Watchmen



Entre 1986 e 87 as 12 edições de Watchmen cairiam como um assombroso e impressionante cometa, destruindo paradigmas e conceitos muito bem estabelecidos em mais de 40 anos de cultura de heróis fantasiados, mas do que realmente se trata essa obra prima? Será que ela é isso tudo realmente?

Alan Moore texto
Dave Gibbons arte
John Higginscores

O ComicVille apresenta Watchmen...




Para entender melhor o que esse fenômeno representa é necessário nos alinharmos com a genial mente de Alan Moore; antes dele, ninguém nunca havia feito uma análise crítica e realista ao gênero dos super-heróis, aliás, talvez nem houvesse razão, visto imensa suspensão de descrença necessária para se assimilar aquelas figuras coloridas de cuecas por cima das calças.
            O principal objetivo era analisar a relação do ser humano com o poder; neste ambiente o plano de fundo escolhido foi o medo da guerra nuclear representado pelo conflito soviético no Afeganistão, algo real e que realmente estava por perto na época.
Não que as similaridades com o nosso mundo cessariam por aí, pois o aspecto mais importante por traz do cenário de Watchmen seria em essência a alma da história, como, por exemplo: se abrirmos uma revista mensal de um super-herói, veremos o lutando contra artimanhas, monstros mágicos e invasores alienígenas; a cidade do personagem enfrentara ameaças em proporções mitológicas, mas no final do dia estará tudo bem, porém neste universo não é assim que as coisas funcionam!!!
Nesta obra temos retratado um reflexo de nossa realidade, onde cada ação de cada ser ira causar as guerras revoltas públicas e até a morte dos praticantes, ou seja, nosso personagem citado acima pagaria pelos seus erros, e pagaria caro.
Ah ComicVille, mas várias HQs tem esse estilo, certo! De onde será que a ideia para elas surgiram?
A Ideia surgiu as pensar em usar uma fantasia para bater em bandidos, no qual é analisada e ridicularizada na sociedade de Watchmen, exatamente como seria na nossa (sim você tiraria sarro). Um dos membros do grupo, o Coruja, relata que quase morreu quando um bandido deslocou sua máscara, tapando sua visão. Quem não teve tanta sorte foi Dollar Bill, que teve sua capa presa em uma porta e morreu com tiros de assaltantes de banco.
 É detalhes bizarros muito bem construídos por Alan Moore que se refere a tudo isso como uma piada cínica sobre super-heróis. Que motivações reais poderiam levar alguém a este ponto? De se vestir com uma roupa cafona e sair por ai combatendo o crime. E de que forma eles se relacionariam entre si e com a sociedade? De que forma seriam diferentes de políticos, policiais ou qualquer grupo de autoridade que conhecemos? A resposta é: Não seriam.
O fato de usarem uma capa não o tornariam mais especiais e sim às vezes o fazem serem odiados, porém o assunto se aprofunda com o surgimento de Dr. Manhattan em plena guerra fria; o único “Super” ser de fato, que é o cerne do argumento muito bem estabelecido na trama pela referência: “Deus existe e ele é americano.”
Neste ponto começam as verdadeiras mudanças sociais e históricas em Watchmen, afinal como poderiam os EUA ser humilhados no Vietnã quando aliados a um Deus?
E assim a história se desenvolve em uma complexidade que chega a ser inacreditável aos olhos do leitor. Essa obra até hoje é citada por muitos sites como a melhor graphic novel da história; tanto que na 3ª ou 4ª releitura é comum ainda ser surpreendido.
            Este é o valor de Watchmen, embora possa parecer estranho para quem não se interessa por super-heróis, certamente transcende os círculos de seu meio, como demonstração do pináculo do talento artístico na criação de uma verdadeira obra-prima literária. Mesmo que esteja disfarçada com roupas coloridas e cuecas por cima das calças. 

Graphic novel obrigatória na estante de qualquer colecionador.

                            Nota: 10/10 (mais que merecido)

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